COMO RECONHECER UM CRENTE/EVANGÉLICO?

Este é o nome de um artigo postado em blog brasileiro. Veja o que dizem de suas filhas e de vocês, irmãos e irmãs evangélicos. Conteúdo EXTREMAMENTE OFENSIVO, impróprio para menores de idade. Fica a pergunta: ONDE ESTÃO AS AUTORIDADES DESTE PAÍS? Maiores de idade cliquem aqui.

terça-feira, 24 de julho de 2012

VEJA COMO SURGIRAM OS TERMOS DIVERSIDADE SEXUAL, ORIENTAÇÃO SEXUAL, LIVRE EXPRESSÃO SEXUAL


[Cmi-mulheres] repassando discussao - feminismo, diversidade sexual
isadoralins em riseup.net isadoralins em riseup.net
Sexta Abril 30 20:15:37 PDT 2004
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Estou repassando uma msg da lista gls pra cá. É uma discussao muito boa e ilustrativa dos mais recentes embates dentro do movto. homossexual e feminsita, e acho que o jargao academico tah traduzidinho o suficiente.


RECOMENDO LER DE BAIXO PRA CIMA.


ABRAÇO,
ISA.




Mensagem: 2
Data: Fri, 30 Apr 2004 05:00:54 -0300
De: "Regina Facchini" <rfacchini em uol.com.br>
Assunto: Re: Re: DIVERSIDADE SEXUAL - PEDÓFILO ASSASSINO p/ MOTT e demais


(este email foi escrito em meio a uma conversa entre eu e Luiz Mott a propósito de uma mensagem enviada por Leo Mendes à listagls, tomo a liberdade de manda-lo com cópia para as listas do Grupo Diversidade e do ENUDS - ambas listas de estudantes das quais participo - porque creio que esta é uma discussão que não cairá como algo fora do contexto por lá)


Oi Mott e quem mais ler,


Cheguei do trabalho e estou sem sono, agora respondo melhor sua
mensagem. Em seu email, vc fala de duas coisas que podem estar relacionadas na prática de alguns militantes, mas teoricamente não são idênticas.


A primeira é como nomeamos nossa bandeira de luta: livre orientação sexual, livre expressão sexual ou pela aceitação/garantia da diversidade sexual. Nesse sentido, dizer qual a melhor delas não é tarefa de uma antropóloga. Essa é uma questão política: queremos lutar pela livre orientação sexual ou pela livre expressão ou para que as pessoas/sociedade aceitem a existência e a legitimidade de uma diversidade sexual?


Do ponto de vista de conquistas jurídicas, provavelmente o mais interessante seja usar orientação sexual, exatamente pelo fato de circunscrever comportamentos sexuais a partir do sexo do objeto de desejo, deixando de fora manifestações da sexualidade humana menos aceitas socialmente, e tb por escapar à complexa tensão entre essencialismo (há uma essência para a orientação sexual de origem genética ou desenvolvida em tenra infância, que se manifesta de forma comparável em várias sociedades e épocas) e construcionismo social (o desejo sexual seria construído na interação entre sujeito e meio social, portanto, é produzido sócio-historicamente, no interior de sociedades concretas e está intimamente relacionado com outros aspectos dessas sociedades -essa definição é da antropóloga Carole Vance - o que não implica a variação necessária ao longo da vida do sujeito, nem a reversibilidade a partir de vontade racional), ou, pior, entre condição e opção.


No entanto, no sentido que vc confere ao termo orientação sexual, ele já não se adequaria como bandeira de luta do movimento GLT ou GLBT, simplesmente pelo fato de que incluimos travestis e transexuais, que são manifestações da sexualidade que não se distinguem pelo objeto do desejo sexual, mas por não se adequarem aos papéis sociais atribuídos a alguém de seu sexo biológico de nascimento.


Travestis e transexuais não necessariamente são homossexuais em seus desejos e práticas. Aliás, nesta semana, o Marcelo do Identidade me contava que as travestis que frequentam/fazem parte de um projeto do grupo têm levantado a questão de se, mesmo no caso de gostarem apenas de homens, essa relação é hetero ou homo, já que a ambiguidade da travesti torna essa definição complicada. Em termos de prevenção de HIV tudo bem, trata-se de sexo entre dois corpos biologicamente/anatomicamente masculinos.


Mas em termos de relação social não é tão claro e a ambiguidade da travesti é explorada aí. Lembro-me de um rapaz numa reunião do Espaço B que dizia: "Eu gosto de mulheres e travestis." Travesti aí não é homem nem mulher exatamente, e a relação com ela, nesse sentido, não é hetero nem homo.


Vale lembrar que travestis não são discriminadas apenas na medida em que transam com gente do mesmo sexo biológico, mas por terem corpos/aparências ambíguas em termos de gênero.


Pessoalmente, enquanto militante, não tenho claro se livre expressão sexual ou diversidade sexual são realmente bons termos.


Eles não têm sido aplicados para finalidades jurídicas - garantia de direitos em lei. Precisaria observar melhor, mas creio que tais termos têm tido mais uso no sentido de produzir mudanças de mentalidade social por via não-jurídica, como é o caso de grupos que atuam em universidades ou que investem fortemente num contato "comunitário".


Do ponto de vista da ciência política, sabe-se que independente de usar um termo mais amplo ou mais circunscrito, dificilmente um pedófilo viria a público reivindicar seus direitos ou que o movimento por diversidade sexual o defendesse, simplesmente pq é bastante forte a idéia de que a pedofilia é algo abominável na
nossa sociedade.


Claro que termos mais abrangentes aumentam as chances de crítica conservadora, mas isso é mais grave para ações na área jurídica/legal. Um termo como diversidade sexual me parece ter por foco combater a idéia de que há apenas uma sexualidade inteligível, a heterossexual reprodutiva que estabelece famílas sólidas e relações duradouras e monogâmicas.


Talvez a atuação por esse caminho nas universidades, que são locais de formação de formadores de opinião, melhore as condições para a luta jurídica/legal num futuro próximo.


A outra coisa que vc cita no seu email é como enunciamos o sujeito
político do movimento e toda a crítica à afirmação de identidades como estratégia política. Com esse tema tenho mais intimidade teórica. Para lidar com uma formulação teórica mais consistente e um objeto menos complicado, é interessante olharmos para o movimento feminista.


Primeiro, falar em "o movimento feminista" não explica muita coisa. De qual feminismo falamos? Pois são vários. Num livro que discutimos ainda esta semana no curso de gênero na Unicamp - Antropología y feminismo, da antropóloga feminista (não se trata de uma filósofa pós-estruturalista como Judith Butler) Henrietta L. Moore - a autora diz que poderíamos tentar unificar e definir "o feminismo" como consciência da opressão feminina e luta contra ela.


Isso pressupõe que: se deva tomar os interesses "da mulher"
como um corpo unitário; tomar como premissa da política feminista uma identidade comum a todas as mulheres; e, que a coesão do movimento depende da existência de "uma opressão" compartilhada pelas mulheres.


Parece-me que é assim que se posiciona tradicionalmente o movimento homossexual ao atuar pela afirmação de identidades. A antropologia feminista, que a princípio se colocava como fazendo "antropologia da mulher" se viu confrontando a própria possibilidade do fazer etnográfico - se os homens eram androcêntricos, só a mulher poderia estudar a mulher e a
antropologia não poderia mais ser "o olhar para o outro nos termos do outro", como ensinava Malinowski.


E, por outro lado, "a mulher" seria tomada como uma categoria universal, marcada por uma semelhança transcultural. A partir da tentativa de superar esses problemas, surge a categoria gênero, que se refere à forma de conhecimento cultural das diferenças sexuais, que se volta não para homens e mulheres, mas para os significados e valores culturalmente associados a masculinidade e femilidade.


Claro que a transposição pura e simples do termo gênero como sujeito político do feminismo não é viável e, muitas vezes, ONGs que se dizem trabalhando com gênero estão apenas mudando o nome do trabalho com mulheres para tentar adequar-se a financiadores, o que é uma redução de sentido teórico do termo.


Mas a aplicação crítica desse termo à ação política feminista
gerou frutos interessantes: rompeu idéias como "a mulher", abrindo espaço para a visão da diversidade interna constituinte do termo "mulher" e questionou a legitimidade de que um grupo relativamente homogêneo de mulheres - brancas, da classe média e heterossexuais - falasse por todas as mulheres.


Aí é que entram as reivindicações das mulheres negras e das mulheres lésbicas, que passaram a questionar um feminismo incapaz de alcançar e fazer frente às formas pelas quais vivenciavam a opressão.


Claro que, ao passo em que se problematiza a universalidade desse sujeito político, a identidade comum e a idéia de "uma opressão" compartilhada, se colocam novas dificuldades para uma ação feminista. No entanto, cria-se a possibilidade de uma ação mais inclusiva e eficiente, no sentido de se aproximar de expressões mais concretas e específicas de opressão.


A crítica à afirmação identitária toma por foco esse questionamento de um sujeito político visto como universal e representado por uma
identidade do tipo "o homossexual". A tentativa de saída mais interessante que conheço para esse impasse é dada por Judith Butler - agora sim uma pós-estruturalista, teórica dos queer studies, que toma Foucault como ponto de partida e o ultrapassa - num texto chamado "Fundamentos contingentes: o feminismo e a questão do 'pós-modernismo' ".


Nesse texto, ela se afirma como filósofa pós-estruturalista e como feminista e tenta integrar teoria e prática política. Para tanto, ela assume a necessidade de sujeitos políticos claramente enunciados para a ação política, portanto a categoria "mulheres" não deve ser descartada. No entanto, deve-se ter claro o caráter aberto e inclusivo a ser atribuído a tal categoria, ou seja, "mulher" deve se libertar de suas potencialidades racistas, monoclassistas e heterossexistas e da associação exclusiva e necessária a
temas como maternidade, que assinalariam "a condição feminina".


"Mulher" deve ser operacionalizado, no cotidiano dos movimentos, como um termo sempre aberto a novas inclusões, um sujeito político que reconhece sua diversidade interna; e a luta feminista deve incorporar as demandas colocadas por essa diversidade de vivências da opressão, uma vez que o termo "mulher" não pode ser visto como tendo significado anterior às vivências concretas, marcadas por condicionamentos sócio-históricos e por
diferenças de raça, idade, classe, sexualidade, etnia etc.


Nesse sentido, não precisa haver uma única identidade que aglutine as diversas formas de opressão vivenciada pelas mulheres: alguém pode dizer-se "mulher negra", outra, "mulher negra homossexual" e por aí vai. O sujeito político "mulheres" não precisa pressupor uma identidade única, nem se voltar para uma forma específica de opressão.


No campo da sexualidade, uma das possibilidades exploradas para se fazer isso tem sido afirmar-se como movimento pela diversidade sexual ou pela livre expressão sexual, ou ainda - fora do Brasil - como movimento queer, e enunciar sujeitos políticos específicos apenas a partir de demandas formuladas acerca de casos concretos.


Mas essa é apenas uma tentativa de resolver esse dilema da diversidade interna do sujeito político e das diferenças de vivências de opressão. Isso não significa que seja correta ou que não deva ser olhada criticamente e readequada.


É por conta dessas reflexões que tenho preferido falar que milito por direitos sexuais e, dentro disso, pesquiso saúde e corporalidades de mulheres com práticas não-heterossexuais.


Afinal, as políticas não são construídas para identidades, mas para sujeitos com vivências concretas, que podem localizar-se no mundo a partir de diferentes formulações identitárias. O que acredito produzir fazendo isso é uma reflexão que colabore para uma eventual "política de saúde para mulheres lésbicas" que possa estar adequada a sujeitos concretos.


Essa foi minha tentativa de pontapé teórico para um diálogo. Espero que eu tenha sido minimamente inteligível, eu tentei.


Um abraço grande,


Regina




----- Original Message -----
From: "Regina" <rfacchini em uol.com.br>
To: <rfacchini em uol.com.br>
Sent: Friday, April 30, 2004 12:51 AM
Subject: Fwd: Re: DIVERSIDADE SEXUAL - PEDÓFILO ASSASSINO




--- Em listagls em yahoogrupos.com.br, "Regina" <rfacchini em u...> escreveu
Olá Mott,
Não tenho tempo de responder como se deve agora e creio que não há apenas uma discussão teórica a ser feita e muito menos, ainda que embasada teoricamente, uma construção a ser feita isoladamente. Também não acredito que as duas estratégias que você citou sejam mutuamente excludentes. Eu, por exemplo, sempre preferi a militância em grupos mistos, mas jamais argumentaria pelo fim dos grupos exclusivamente lésbicos. São duas estratégias diferentes que iluminam diferentes problemas relacionados às mulheres não-hetero.


Por isso me assusta ver o tipo de associação que o Leo parece ter feito sair das mãos de um militante e não de um inimigo do movimento.


Não vejo problemas no fato de que as duas estratégias coexistam, e acho que para além de uma argumentação isolada teoricamente embasada, devíamos reservar espaço num fórum do movimento para que militantes que preferem qualquer uma das duas formas de lutar por direitos sexuais possam expor aos outros os seus motivos, sem que se tenha por objetivo obrigar nenhum dos lados a adotar a forma de nomeação que o outro usa.


Ainda que com isso - viajando ao máximo na maionese - tivéssemos algo como dois movimentos distintos, isso não seria problema, na medida em que poderiam ser movimentos estrategicamente aliados em alguns momentos.


Acho realmente que o movimento homossexual (GLBT, GLT ou que nome se queira dar) se pensa muito pouco e que a autoreflexão poderia ajudar numa atuação mais consistente. Nem tudo é questão pra guerra.


Ainda que não seja o tipo de trabalho que eu faria, reconheço a coleta de dados sobre assassinatos que vc faz como uma estratégia absolutamente genial para vencer a invisibilidade da violência contra homossexuais.


O ideal seria, é claro, que esse diálogo entre diferentes posições pudesse contribuir para gerar uma terceira mais consistente ou para fortalecer cada uma das duas.


Claro que posso dar um pontapé num debate dando alguns argumentos teóricos a serem debatidos nesse assunto. Mas o trabalho que vc me pede seria digno de uma tese de doutorado - e eu já estou fazendo uma e sem bolsa, além de tudo *risos - e creio que essa reflexão pode - ou só pode - ser construida coletivamente.


Agradeço seu incentivo ao diálogo.
Abraços,
Regina




--- Em listagls em yahoogrupos.com.br, Luiz Mott <luizmott em u...> escreveu
regiina
como vai querida?
otimo teu questionamento, pois assim voce poderia iniciar uma discussão teórica, já que és mestra em antropologia, a respeito do termo DIVERSIDADE SEXUAL.


Sugiro também que se quiseres e puderes, faça o papel de advogada de defesa do termo LIVRE EXPRESSÃO SEXUAL,
ambos termos usados por alguns universitários pos-modernos e até por gays, com todo respeito, que não aprofundaram teoricamente tais termos.


Há quem considere equivocada a afirmação indentitária translesbigay e preferem Diversidade e Livre Expressão em vez de ORIENTAÇÃO SEXUAL, este sim, termo cientificamente conceituado e legalmente reconhecido pelas constituições e leis organicas de centenas de localidades no Brasil e exterior.


Creio que Leo, sempre tão arguto e "agent provocateur", quiz chamar a atenção para tal polemica ao associar diversidade sexual a pedofilia - que no meu entender, é perfeitamente associável, pois diferentemetne de ORIENTAÇÃO SEXUAL, que inclui apenas Homo, Hetero e Bissexualidade, a Diversidade e a LIvre Expressão sexual incluem todas manifestaç ões libidionosas, inclusive as anti-sociais e ilegais.


Estou aberto a discussão e dialeticamente, a mudar de ponto de vista, desde que os argumentos sejam sólidos e convincentes, de preferencia, com embasamento bibliográfico.
Está lançada a sugestão. Conto contigo.


Abraço amigo, Luiz Mott
At 15:02 29/4/2004 +0000, you wrote:
Desculpe, Leo, mas não entendi... Você quis estabelecer alguma relação entre os dois temas no título de sua mensagem? Se sim, qual a relação?
Regina


--- Em listagls em yahoogrupos.com.br, Leo Mendes <liorcino em y...>
escreveu
Jornal O Popular
27.04.2004


CONFISSÃO


Mecânico diz ter matado 12 meninos São Paulo ­ O mecânico de bicicletas Francisco das Chagas Rodrigues Brito, de 34 anos, disse em depoimento à Polícia Civil do Maranhão ter sido o autor da morte de 12 meninos emasculados no município de
Altamira (PA). A informação foi divulgada ontem pelo gerente de Segurança Pública do Maranhão, Raimundo Cutrim.


Os crimes em Altamira ocorreram entre 1989 e 1993. Nove meninos entre 8 e 14 anos foram emasculados, sendo que seis deles foram mortos. Outras seis crianças estão desaparecidas. Cinco desses casos foram a julgamento no ano passado e quatro pessoas foram condenadas.


Os envolvidos nos crimes supostamente participavam da seita Lineamento Universal Superior, que seria liderada por Valentina Andrade, também julgada e absolvida.
(Agência Folha


Léo Mendes
(62) 925 -8355
Sec. Adjunto Ilga-Lac Brasil
Tesoureiro ABGLT
Presidente da AGLT


LUIZ MOTT
Cx.Postal 2552 - 40022.260, Salvador, Bahia
Fone/Fax: (71) 328.3782 - 328.2262 - 9989.4748
www.luizmott.cjb.net www.ggb.org.br


Per scientiam and justitiam


[As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas]
Fim da mensagem encaminhada ---





[As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas]

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